segunda-feira, 14 de março de 2011

14 / 03 / 2011 ( 20:17 hrs )


Trancar o dedo numa porta dói . Bater com o queixo no chão dói . Torcer o tornozelo dói . Um tapa, um soco, um pontapé, dóem . Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se gosta. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos . Saudade da presença , e até da ausência consentida . Você podia ficar em casa e ele na rua , mas sabiam onde cada um estava . Você podia ficar o dia sem vê-lo , ele o dia sem vê-la , mas sabiam do amanhã . Você podia ir pra escola e ele trabalhar , mas ambos sabiam do reencontro . Mas quando se separam , - não importa o motivo - sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua jogando bola . Não saber mais se ela continua clareando o cabelo , se ele continua dançando, se ela continua sorrindo . É não saber se ela continua sempre com sono , e ele sempre cansado , se ele ainda faz bico pra comer ou se ela gostando de ler .
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos , não saber como encontrar tarefas que lhe desviem o pensamento , não saber como distrair a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz , se ele está mais magro , se ela está mais bela . Saudade é nunca mais querer saber de quem se gosta , e ainda assim , doer.

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